21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher: Um Chamado à Reflexão e à Ação

A campanha conhecida como 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher é uma poderosa mobilização social que, no Brasil, vai muito além do tradicional calendário dos 16 Dias de Ativismo. Inicia-se em 20 de novembro, no Dia Nacional da Consciência Negra, e se estende até 10 de dezembro, data que marca o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Enquanto o movimento global trabalha com 16 dias, o Brasil ampliou a agenda para 21 dias justamente para incluir o 20 de novembro, data simbólica para reafirmar que mulheres negras são as maiores vítimas da violência de gênero. Essa escolha reforça a necessidade de olhar para a interseccionalidade — a combinação de desigualdades de gênero e raça.

No calendário de ativismo estas quatro datas tem a intenção de mobilizar a sociedade para transformar condutas:

20 de novembro – Dia da Consciência Negra: A escolha desse dia para inaugurar a campanha no Brasil reforça a consciência de que as mulheres negras enfrentam uma “dupla vulnerabilidade” — sofrendo não apenas violência de gênero, mas também desigualdades estruturais ligadas ao racismo.

25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres: Data reconhecida globalmente como ponto de partida dos 16 Dias de Ativismo.

6 de dezembro – Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (campanha do Laço Branco), , mobilizando os homens pelo fim da violência contra as mulheres.

10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos: Marca a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 10 de dezembro de 1948 pela ONU.   Essa conexão reforça que o combate à violência de gênero é também uma luta pelos direitos humanos fundamentais.

A agenda do ativismo: Voz, mobilização e visibilidade

Durante esses 21 dias, governos, coletivos feministas, organizações da sociedade civil e instituições públicas promovem uma série de ações: campanhas nas redes sociais, intervenções urbanas, exibições em prédios públicos, rodas de conversa, oficinas, projeções, e mais.

Também há esforços para fortalecer canais de denúncia, como a Central Ligue 180, que completa 20 anos durante esse período de ativismo, pois o Panorama da violência contra a mulher no Brasil possuí índices alarmantes.

A urgência desse ativismo ganha ainda mais peso quando olhamos para os números:

Em 2023, foram registrados 83.988 casos de estupro no Brasil, segundo dados da Agência Brasil, um aumento de 6,5% em relação a 2022. Isso equivale a um estupro a cada seis minutos.

No mesmo ano, o feminicídio também cresceu: foram 1.463 mulheres assassinadas por serem mulheres, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Esse número representa uma taxa de 1,4 mulheres mortas por 100 mil, a mais alta registrada desde a tipificação do crime em 2015.

No acumulado de 2015 a 2023, pelo menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no país.

Também há uma base de dados do Atlas da Violência (Ipea / FBSP) que mostra diferentes indicadores de violência contra mulheres em todo o Brasil, incluindo homicídios, agressões e outros tipos de crime.

Esses números demonstram não apenas a persistência da violência de gênero, mas também a necessidade de políticas robustas, redes de apoio e prevenção eficaz.

Diante disso, é fácil visualizar a importância de todos esses dias de ativismo, que pode ser reconhecido inclusive como uma campanha nacional, neste período são realizadas ações educativas, intervenções culturais, debates públicos, campanhas em transportes, iluminação de prédios públicos e mobilizações nas redes sociais.

Os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher desafiam toda a sociedade a assumir seu papel na construção de relações mais igualitárias. A luta não se encerra em dezembro: ela continua no cotidiano de cada casa, escola, empresa, instituição e comunidade.

A campanha lembra que nenhuma mulher deve viver com medo — e que garantir sua segurança, dignidade e liberdade é um compromisso de todas e todos.

As soroptimistas da Região Brasil durante este período realizam inúmeras atividades com o objetivo de previnir e transformar, para que todas as mulheres e a sociedade tenham o direito de viver em paz.

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